Ata da Sessão do Conselho Universitário da Bahia realizada em 10 de Julho de 1964.

Pauta: 

1.      Ordem do Dia- Apreciação da proposta do Prof. Adriano Pondé para concessão do titulo de “Doutor Honoris Causa” ao Exm° Senhor Presidente da República, Marechal Humberto Castello Branco.
2.      O Magnífico Reitor solicitou do Prof. Alceu Hiltner, Presidente da Comissão de Ensino, que desse Parecer oral sobre a matéria. Em seguida concedeu a palavra ao Prof. Adriano Pondé que apresentou a seguinte proposta: “Tenho a honra de propor ao egrégio Conselho Universitário da Universidade da Bahia, a concessão do titulo de Doutor “Honoris Causa” ao Exm° Sr. Presidente da República, o eminente Marechal Humberto de Alencar Castello Branco. Corre-nos o dever desta homenagem, no momento em que a consciência nacional se manifesta, em gestos de gratidão e de entusiasmo, pela vitoria da revolução brasileira, que restituiu o país ao domínio da democracia, único regime político compatível com o espírito de nosso povo. A rigor, acredito que a proposta ora formulada, não carecia de justificativa: notórios são os dotes que ornam a figura de S. Exa. e os assinalados serviços que, em sua longa vida de militar, tem prestado  à nação brasileira. Desse movimento glorioso em que se empenharam nossas forças armadas sob a inspiração do resguardo dos mais legítimos interesses nacionais, foi o ínclito Presidente da República um dos principais artífices. Granjeou o Marechal Castelo Branco na luzida corporação a que pertence, um dos mais elevados conceitos, não somente pela sua alta capacidade técnica, sua brilhante ação militar durante a campanha da Itália, no planejamento e execução dos combates em que, nos Apeninos, se empenharam nossas tropas expedicionárias, como ainda, mais, por ser, também, S.Excia. um homem de cultura e de pensamento, dedicado inteiramente ao estudo dos grandes problemas nacionais. De seus efeitos, na Segunda Guerra Mundial, falam bem alto as calorosas cotações dos Comandantes do V Exército, os Generais Critemberg e Mark Clark, assim como as não  menos  significativas do Comandante da FEB, o Marechal Mascarenhas de Morais. Que comoções não despertaram as palavras do Chefe da Força Expedicionária Brasileira ao traçar em forte evocação os lances épicos da gloriosa campanha”- “O famoso Monte Castelo, a manobra de Castelnuevo, a impetuosa e sangrenta conquista de Montese, o encontro de vanguardas em Colecchio, o cerco e rendição de Fornovo, constituindo a maior e mais fulgurante constelação de vitorias brasileiras na Itália, contaram com a diuturna e vigilante colaboração do então Tem. Cel. Castelo Branco”. E. continua numa analise sincera, em que esboça o perfil do irmão de armas, nesse Capitólio de glorias: “Nos sucessos como nos acidentes da luta, manifestava sempre o mesmo equilíbrio sereno e a mesma ponderação refletida. “O êxito mantinha-o calmo; a adversidade exaltava-lhe a coragem e a firmeza na interpretação do quadro tático e no devotamento ao comando”.  É reconhecida e proclamada a sua competência em assuntos de História Militar, mas, o intelectual aprimorado não se afirma somente na erudição das letras marciais, senão também nas tarefas do magistério e nas longas vigílias e estudos acurados na Escola Superior de Guerra, a “Sorbone brasileira”, onde se diplomou e onde exerceu a chefia do Departamento de Estudos e foi diretor do Curso de Estado Maior e Comando. O espírito dessa Escola- vale salientar- sempre se imbuiu do propósito das mais sadias reformas do nosso país, através de um profundo conhecimento a realidade nacional. A tradição de cultura e inteligência do bravo militar louvada e aplaudida por toda a oficialidade do exercito que teve a sorte de possuí-lo como Instrutor ou Diretor. As preleções realizadas na Escola do Estado Maior, sobre o “ALTO COMANDO ALIADO NA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI”, deixaram uma viva e indelével impressão, tendo merecido efusivos comentários do General Chabedec de Lavolade, chefe da Missão Militar Francesa, salientando, em particular , o tato e a inteligência com os quais soube ajustar suas conferencias ao conjunto de ensinamentos ministrados no Alto Comando, inserindo-se os de maneira perfeita. Esses estudos considerados clássicos, foram reunidos em volume da biblioteca do exercito, servindo, ainda agora, de norma nos cursos de Estado Maior. Entre as obras que publicou, merecem referencia especial: “O Poder Nacional e a Segurança Nacional”, em 1962; “Destinação Constitucional e Finalidade do Exército”, em 1964; e no mesmo ano “ESAO na Atualidade”; ressaltam, ainda, as “Observações  Finais”, que apresentou na conferência realizada em 1963, no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais. Atendendo a convite especial do Governo Frances, tirou o Presidente Castelo Branco o curso da Escola Superior de Guerra, da França, o que explica s sua formação militar, profundamente influenciada pelo gênio gaulês e o que sem duvida, lhe conferiu a grande flexibilidade de raciocínio, que tanto admiram os que conhecem, de perto, sua personalidade de escol. é, ainda, de destacar-se que ilustre militar, como fúlgida conquista de sua triunfante trajetória, possui os cursos da Escola de Comando e Estado Maior dos Estados Unidos da América do Norte. Acima de tudo, porém, o Presidente é um soldado integral, rigoroso no cumprimento do dever, estremado no amor da pátria e intransigente no culto das tradições democráticas. Testemunham, ainda, o brilho da sua notável carreira as numerosas condecorações que tem recebido, dentre as quais excelem as medalhas brasileiras  de Guerra e a do Pacificador, A Cruz de Combate de 1ª Classe, a Medalha de Mérito Santos Dumont, a Ordem Nacional da Legião de Honra, da França, a Estrela de bronze dos Estados Unidos, e da Escola Superior de Guerra da França, e da Ordem de Aviz, em Portugal, alem de outras. Sua tradição militar e civil, seu amor à ordem jurídica e à vocação democrática tornam o ilustre Presidente da República uma garantia da plena estabilidade nas instituições republicanas e restabelecem a tranquilidade e a confiança no seio da família brasileira. Eis ai, Egrégio Conselho Universitário, bosquejando em traços gerais e imperfeitos, a figura de um homem simples, modesto e culto, em quem as circunstâncias do momento estão revelando uma estadista esclarecido e um patriota fervoroso, uma personalidade aureolada pela circunspeção e pela dignidade, cujos predicados excepcionais justificam, sobejamente, a proposta que tenho a honra de endereçar-vos.  Salvador, Bahia, 10 de julho de 1964. (a)Professor Adriano de Azevedo Pondé”.  Posta em discussão a proposta foi aprovada por unanimidade.
3.      O Magnífico Reitor comunicou ao Conselho que iria a Brasília, transmitir ao Exm° Senhor Presidente da República a manifestação que lhe pretende fazer o Conselho Universitário, conferindo-lhe o titulo de “Doutor Honoris Causa” e convida-lo para a homenagem.
4.      Comunicou a surpresa que teve ao conhecer a situação das verbas referentes ao pessoal, que, praticamente já está esgotada com o pagamento que se fez com o novo enquadramento, sem que fosse solicitado reforço da respectiva verba, que ao comunicar ao Conselho tal situação confessa-se preocupado por ter assinado o expediente de pedido de suplementação de verbas que importa em ferir a determinação de restrições de despesas aconselhada pela Presidência da Republica, o que levará provavelmente a ser colocado em plano secundário a solicitação feita. Assim, receia ter a Universidade uma surpresa desagradável com a falta de numerário para os pagamentos normais. Outro assunto ventilado pelo Magnífico Reitor é o que diz respeito as folhas internas. Referiu-se, de modo, geral, a situação em que se encontram os prédios das unidades da Universidade. Solicitou aos Senhores Diretores compreensão para os atrasos de pagamento, porque, infelizmente, eles terão que continuar. A Universidade tem a receber da Delegacia Fiscal três  duodécimos, num total de trezentos milhões.
Nada mais havendo para tratar foi encerrada a sessão. 

Data: 
sex, 10/07/1964 - 09:00
O que ocorrer: 

Não houve o que ocorrer. 

Tipo de Reunião: 
Ordinária
Participantes: 
Conselheiros Aristides Gomes
Adriano Pondé
Lacerda Alves
Queiroz Muniz
Adalício Nogueira
Nilmar Rocha
Luciano Aguiar
João Rescala
Mendonça Filho
Carlos Simas
Carlos Geraldo
Pedro Tavares
Silvio Faria
Benjamin Sales
Magalhães Neto
Alceu Hiltner
Guilherme Ávila
Torres Homem
Ivete Oliveira
Ivo Braga
Arnaldo Silveira
Adalberto Carvalho
Acadêmicos Severino Cortizo e Aurélio Assis Filho
Sob a presidência do Magnífico Reitor Professor Doutor Miguel Calmon Du Pin e Almeida Sobrinho.
Expediente: 

1.      O Magnífico Reitor mandou o Secretário proceder a leitura da ata da sessão anterior que lida e posta em discussão foi unanimemente aprovada.