Ata da sessão do Conselho Universitário, realizada no dia 26 de Maio de 1965.

Pauta: 

"Ordem do Dia"
 
 
O M.Reitor disse que o novo regulamento do Departamento de Assistência ao Estudante foi aprovado pelo Conselho, sem, contudo, ter sido aprovado o nome. Que, com o assentimento do Relator, propunha o nome seguinte: Departamento Social de Vida Universitária. O Conselho aprovou a sugestão do Magnifico Reitor.
 
 
O Conselheiro Adriano Pondé apresentou a redação final das "normas de trabalho da Comissão de Públicações", as quais, após discussão da qual participaram os Conselheiros Thales de Azevêdo, Sylvio Faria, Magalhães Neto e Paulo Brandão, foram aprovadas pelo Conselho e são as seguintes: "Normas de Trabalho da Comissão de Publicações da UFBA. - A Comissão designada pelo Reitor para estabelecer o programa de publicação da Universidade da Bahia decidiu pautar os seus trabalhos pelas seguintes normas: Art. 1- A Comissão apreciará trabalhos cuja publicação seja solicitada pelos respectivos autores, diretamente, ou através da unidade onde servem , e encomendará os que considerar necessários para suprir as deficiências de material didático da Universidade. Art. 2- Os trabalhos abrangerão: a) livros de texto ou didáticos; b)monografias contendo contribuições originais; c) monografias consistindo em obras de divulgação; d) publicações periódicas. Art. 3- Durante os meses de Janeiro e Julho de cada ano, a reitoria aceitará a inscrição de trabalhos da autoria de professores e de autores. Parágrafo 1- Os pedidos de publicação, acompanhados de cinso cópias datilografadas do respectivo trabalho, serão enviados ao Departamento Cultural, que os encaminhará á Comissão de Publicações. Parágrafo 2- Os pedidos serão formulados diretamente pelos autores, quando pretenderem publicação a cargo da Reitoria. Parágrafo 3- Quando o trabalho fizer parte do plano de publicações de alguma das unidades da UFBA, os pedidos serão formulados por intermédio da unidade interessada. Art. 4 - Também nos meses de Janeiro e Julho de cada ano, serão encaminhados á Comissão os trabalhos por ela anteriormente encomendados. Parágrafo 1- Para a indicação dos temas das encomendas, os membros da Comissão procurarão ouvir, na medida do possível, a opinião dos professores e alunos das diferentes unidades da Universidade. Parágrafo 2- A publicação desses trabalhos estará na dependência de ulterior apreciação por parte da comissão. Art. 5- Nos meses de Fevereiro e Agosto, a Comissão se reunirá para dar início á análise dos trabalhos inscritos por iniciativa dos respectivos autores ou das unidades da UFBA.(conforme o art.3), assim como para a apreciação dos trabalhos anteriores encomendados pela própria Comissão(conforme o art.4) paragrafo 1- A análise de cada trabalho será entregue a um relator e a um revisor escolhidos pela Comissão entre os seus próprios componentes. Parágrafo 2- Ao fim de um mês, no máximo, o relator apresentará á Comissão a análise minuciosa do trabalho, seguida de parecer conclusivo. Parágrafo 3- Sempre que julgar conveniente, a Comissão poderá valer-se dar opinião de peritos para a apreciação de trabalhos inscritos. Parágrafo 4- Os pareceres e opiniões emitidos na apreciação dos trabalhos serão mantidos no mais absoluto sigilo, pela comissão, salvo para com os autores de trabalhos recusados, que dos mesmos terão conhecimento por escrito, quando assim o solicitarem. Art. 6- A Comissão organizará, em seguida, uma lista contendo apenas os trabalhos aceitos para publicação. Parágrafo 1 - Uma vez organizada, será a lista enviada ao Reitor, para que se promova a coleta de preços de edição de cada obra. Parágrafo 2- Calculando o custo de cada publicação, e tendo em vista as disponibilidades orçamentárias, a Comissão estabelecerá as prioridades para a edição das diferentes obras, de modo a melhor atender aos interesses da Universidade. Art. 7- Após a autorização do Reitor caberá ao Departamento Cultural, em comum acordo com os autorização dos trabalhos constantes da lista definitivamente organizada pela Comissão. Art. 8- A revisão tipográfica ficará a cargo do Departamento Cultural, e, comum acordo com os autores dos respectivos trabalhos. Art. 9 - A distribuição das obras impresas será feita pela Reitoria, tresevando -se 20 exemplares para outores, salvo a hipótese de edições, reduzidas, inferiores a 20 exemplares. Art. 10- A Comissão promoverá entendimentos com as unidades que mantêm publicações próprias, no sentido de uniformizar a apresentação gráfica das mesmas, o que tornará possivel a organização de coletâneas que abranjam toda a matéria publicada pela Universidade." Em seguida foi dada a palavra ao Conselheiro Magalhães Neto para apresentar o Parecer da Comissão de Legislação e Recursos sobre a reforma do Estatuto da Universidade e dos Regimentos da FACULDADE e ESCOLAS.
O Conselheiro Magalhães Neto apresentou o Parecer da Comissão favorável ás alterações proposta nos diversos Regimentos visando adapta-lo á disposições da Lei numero 4464, de 9 de Novembro de 1964 e do Decreto que a regulamentou. O Parecer da Comissão foi unanimemente aprovado, devendo as alterações serem publicadas no Boletim Informativo da Universidade.
O Conselheiro Alceu Hiltner apresentou o Parecer da Comissão de Esino Sobre a proposta da Congragação da Faculdade de Arquitetura para completar o seu "quórum" para a realização do concurso á Catedra de "Sombras , Perpectiva e Esterestomia. Disse que o seu Parecer era favorável  á indicação, excluindo o seu próprio nome. O Conselheiro aprovou o Parecer, incluindo o nome do Conselheiro Alceu Hiltner. Os nomes indicados foram os seguintes: João José Rescala; Aristides Gomes, Emido Magalhães; Ismael de Barros; Aldemiro Brochado; Adolfo Buck; Aberto Valença; Elisio Lisboa; Pedro Tavares; Alceu Hiltner; Hildérico Pinheiro, Nelson Dacach; Jayme Gama e Abreu; Tito Cesar Pires; Leopoldo Amaral e Frederico Simas Saraiva.O Conselheiro Queiroz Muniz congratulou-se com a Diretoria da  Faculdade de Arquitetura pela próxima realização de concurso naquela Faculdade, desejando que esse exemplo seja seguido nas outras unidades.
 
Nada mais havendo a tratar foi encerrada a sessão.

Local: 
UFBA
Data: 
qua, 26/05/1965 (All day)
O que ocorrer: 

Não houve o que ocorrer.

Participantes: 
Professor Dr. Miguel Calmon
Conselheiros Adalício Nogueira
João Mendonça
Thales de Azevedo
Jorge Novis
Sylvio Faria
Adriano Pondé
Dirce Araújo
Luciano Aguiar
Queiroz Muniz
Magalhães Neto
Lafayete Pondé
Torres Homem
Ismael de Barros
João Rescala
Ivete Oliveira
Benjamin Sales
Alceu Hiltner
Carlos Sá
Nilmar Rocha
Arnaldo Silveira
Ivo Braga
Paulo Brandão
Hernani Sobral
Acadêmicos Juscelino Barreto
Artenizio de Rezenda
Presidente do Diretório Central dos Estudantes
Representantes dos Estudantes
Expediente: 

O M.Reitor declarou aberta a sessão, convidando o Secretário a proceder a leitura da Ata da sessão anterior, a qual, depois de lida e posta em discussão foi unanimemente aprovada.
O M.Reitor fez referência ao falecimento do Professor José Olimpido da Silva, dizendo que o extinto foi uma figura singular de Professor e de Médico. Após ressaltar os instimáveis serviços prestados pelo mencionado Professor, S.Magnificência propôs um voto de profundo pesar pelo seu falecimento. Após falarem os Conselheiros Benjamin Sales, como representante da Faculdade de Medicina, João Mendonça, Sylvio Faria, em nome dos Docentes Livres, Ivete Oliveira, pela Escola de Enfermagem e Torres Homem, em nome da Congregação da Faculdade de Odontologia, o Conselho, unanimemente, aprovou a proposta do Magnifico Reitor.
O Conselheiro Adriano Pondé teceu as seguintes considerações sobre as personalidades dos Drs. Vital Brasil e Adriano dos Reis Gordilho: " Vital Brasil. Não será lício admitir que ficasse esta Universidade silenciosa, quando ressoam, nos centros cultuirais mais respeitados do País, homenagens tão expressivas á memória de um pesquisador insígne.Prestaram-se, também, tributo excepcional de reconhecimento e admiração para comemorar a passagem do centenário de seu nascimento- os governos dos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Daí se segue a oportunidade da mensagem que tenho a honra de apresentar a este egrégio Conselho.Vital Brasil é um, exemplo galhardo do que podem realizar, com êxito admirável, a força de vontade, a determinação de um caráter íntegro, os apelos insopitáveis de uma vocação de amor ao próximo, enfim o vigor da inteligência fecunda e generosa, num regime de liberdades públicas; e, ainda mais do que isso, como a democracia se desdobra em nosso País em meses tão opulentas e generosas... Filho de pais humildes, Vital Brasil Mineiro dá Campanha ,alçou um vôo altaneiro, indo realizar uma obra cientifica que, sem favor, nem ufanismo, vai colocar-se, lado a lado, com a produção que desentranharam do campo maravilhoso da ciência grandes bem  feitosos da humanidade, como--- Paster e Calmette. Nascido em Campanha, um lugarejo perdido ao sul de Minas Gerais, fez o curso secundário em S.Paulo, e chega depois ao Rio de Janeiro, com dois mil reis no bolso e o coração de esperança. De um senador, a quem procurara na Capital da República, levando uma carta de recomendação, para obter-lhe trabalho, afim de conseguir preparar-se para o ingresso na Faculdade de Medicina, recebe esta resposta descoroçoante e impiedosa:" moço pobre não deve pretender estudar". Lançou-se então, estimulado por este amargo dissabor, um trabalho rijo e sem folgas. Foi condutor de bonde, depois varredor de um colégio particular, escrevente da Policia, e até que enfim estudante de Medicina. Nos últimos anos do curso médico, alcançou, por concurso, o lugar de ajudante de preparador da cadeira de Fisiologia; e trabalhou também, exaustivamente, na Sala do Banco, no Hospital de Misericordia, como auxiliar do Barão do Lavradio, especialista em molestias de crianças e que atendia, diariamente, cerca de 400 clientes, trabalhando com dois estudantes. Foi médico da Força Pública e Inspector Sanitário. Combateu e febre amarela, a varíola, a peste levantina, com dedicação inexcedível, expondo a propria vida. Em Santos, quando lutava contra a peste negra, contraiu a doença. Acercou-se de seu leito moribumdo, um jovem colega, que era o Dr. Oswaldo Cruz, e "cheio de entusiasmo" apresentava a lâmina, em que ficava confirmado com todo o rigor a exatidão do diagnóstico. Anteriormente, já Vital Brasil se contaminara com a febre amarela, igualmente no exercício de função pública... Empolgado pela Imonulogia, que então começava a ser desbravada, dedicou-se a esta ciência com todas as energias do seu talento e o vigor de uma coragem indômita, para alcançar a projeção que o tornou justamente admirado em todos os centros cientificos, pela grandeza de uma obra admiravel, nos beneficios que derramou pela humanidade. Incumbido de organizar um Instituto de Soroterapia, que se destinava á produção de imuno-soro antipestoso, partiu daí, num trabalho incansavel, para aprofundar seus estudos sobre ofidismo, culminado com a obtenção do soro específico, que é o único recurso seguro contra o envenenamento por cobras venenosas, concorrendo destarte para que se salvassem milhares de vidas, anulamente sacrificadas pela picada fatal--- conquista esta da maior repercussão nos meios científicos. Em 1914, visitando o Instituto de Butantan, assim se expressou Rui Barbosa: "É com sincero entusiasmo que exprimo a minha admiração para com esta casa, pelo que dela sei e acabo de ver. Felizes de nós, se a cultura geral do país e o progresso brasileiro estiverem á altura desta explendida instituição, honra do sábio que a dirige, dos homens de ciência que nela brilham, do povo que dela se desvanece e do governo que lhe tem compreendido o valor". Numerosos e ilustres foram seus discipulos e colaboradores, no Instituto Butantan, destacando-se entre outros os nomes de Pett Carneiro, Dorival Camargo Penteado, J. Vellard, João Florêncio Gomes, Lemos Torres, Lemos Monteiro, Jaime Pereira.
Em 1919, por contravir aos designados da alta administração do Estado, deixo a direção do Butantan , que transformara num modelar centro de pesquisas, colocado á mesma altura que o Oswaldo Cruz, de Manguinhos; e vai fundar, acompanhado por Arlindo de Assis, Otavio Velga e Dorival de Camargo Penteado, outro centro de pesquisas médicas, não menos importante, em Niteroi, a instituição que lhe tomou o nome. Um lustro depois, a convite de Carlos de Campos, volta ao Butantan, ampliando e diversificando os serviços deste importante centro de pesquisas. Fica em São Paulo, até 1927, quando retornou a Niteroi, onde termina os dias, a 8 de Maio de 1950, a trabalhar sempre, incansavel e com o mesmo entusiasmo da juventude, cercado pela admiração de todos, a veneração dos discipulos e pela Patria reconhecida."-"Prof. Adriano dos Reis Gordilho, que foi professor de Histologia em nossa veneranda Faculdade de Medicina, era uma grande expressão de bondade, Não teve a glória retumbante dos grandes pesquisadores,as teve o amor e a gratidão indelével no coração de seus doentes, sobretudo nas classes humildes, a que serviu com abnegação e proficiência. Não é, entretanto, menos valioso nem menos útil, como expressão social, o que faz da medicina clínica uma profissão, forrada em bons conhecimentos cientifico, e envolvida sua atitude samaritana em modéstia comovedora, despretensão e profunda humanidade. Adriano do Reis Gordilho fazia a Medicina, cordial e recatada. A sua influencia no plano proletário dos distritos de Mares, Penha e Santo Antonio fez ocupar vários postos de eleição popular, conduzindo-o ao Senado estadual e, posteriormente, á Câmara Federal. Jamais, porém, deixou de ser o clínico, o "médico de familia", o profissional voltado á pobreza e aos desamparados, o homem bem, enfim, que sabia derramar o elite da ternura humana em todos os corações oprimidos pelo sofrimento e torturados pelo desespero. "A seguir S.Magnificência ressaltou a presença do Conselheiro Jorge Novis, recentemente nomeado Diretor da Faculdade de Medicina, dizendo que todos estavam certos de que o aludido Professor saberá honrar as tradições de que é portador e emprestará a Faculdade de Medicina aquele concurso que ela tanto espera.Comunicou, ainda, o Professor  Carlos Geraldo oficiou á Reitoria pedindo para que fossem transmitidos ao Conselho Universitário os seus agradecimentos pela agradável convivência que teve, durante sua permanência nesta Casa.
O M.Reitor comunicou a Casa que o Conselheiro Alceu Hiltner foi reconduzido para a diretoria da Escola Politécnica, o que era motivo de grande satisfação para todos e mencionou a presença do Acadêmico Juscelino Barreto, eleito presidente do Diretório Central dos Estudantes, dizendo que tinha certeza de que ele haveria de colaborar para que neste Conselho, fosse estabelecido um diálogo sadio, últil á comunidade Universitária. Usando da palavra o Acadêmico Juscelino Barreto inicialmente comunicou a eleição do Acadêmico Artenizio Cardoso para representante dos estudantes no Conselho Universitário e disse que desejava informar que o D.C.E. procurará colaborar com a Reitoria, com o Conselho Universitário e com os Professores, porque entendia que os estudantes eram, também, parte da Universidade e tinham responsabilidade nas decisões da mesma.
O Conselheiro Sylvio Faria informou á Casa que o Acadêmico Arteniziano Cardoso foi eleito representante do Diretório Central dos Estudantes. Ao mencionado Acadêmico o Magnifico Reitor endereçou os votos de boas vindas do Conselho Universitário o Acadêmico Artenizio Cardoso agradeceu as palavras proferidas pelo M.Reitor .
O M.Reitor informou á Casa que a Comissão designada visitou o Professor Isaias  Alves , o qual pediu que fossem transmitidos os seus agradecimentos. A seguir comunicou o reconhecimento de um ofício do INEP sobre a criação da Cadeira de Ruy Barbosa pelo Conselho Federal de Educação.  Após a discussão, da qual participaram os Conselheiros joão Mendonça, Adriano Pondé , Alceu Hiltner, Thales de Azevêdo, Sylvio Faria e Adalício Nogueira , o Magnifico Reitor encaminhou o processo á Comissão de Ensino. A seguir S.Magnificência tratou da situação de um estudante do sexto ano da Faculdade de Medicina que está com esquizofrenia, assunto que foi ventilado em oficio   remetido pelo Serviço Médico. Sobre o assunto falaram os Conselheiros Magalhães Neto, Alceu Hiltner, Ivete Oliveira,João Mendonça e Jorge Novis, tendo o último informado á Casa que o Serviço Médico já prestou as necessárias informações á Diretoria da Faculdade de Medicina e que o assunto será apreciado na proxima reunião do Conselho Departamental.O Conselheiro Queiroz Muniz propôs um voto de congratulações com o Professor Elias de Andrade Passo pelo fato de haver publicado no Jornal "A Tarde" vários artigos sobre á possibildade de Ruy Barbosa. A proposta do Conselheiro Queiroz Muniz foi unanimemente aprovada.
O Conselheiro Queiroz Muniz teceu várias considerações sobre a solenidade de posse do professor Jorge Novis na Diretoria da Faculdade de Medicina, fez o elogio do recém nomeado e propôs que a Universidade mandasse publicar no Boletim Cultural os discursos proferidos pelo mencionado Professor e pelo Conselheiro Adriano Pondé naquela solenidade. A proposta do Conselheiro Jorge Novis agradeceu ao Magnifico Reitor as homenagem que lhe prestou , bem como as expressões proferidas pelo Conselheiro Queiroz Muniz. A seguir S.Magnificência fez uma exposição sobre as suas atividades no Rio e em Brasília, principalmente no Ministério da Fazenda, Diretoria da Fazenda Nacionall, onde tratou da liberação de verbas.